Tuesday, June 12, 2012

Exercitando o desapego

Imagem We heart it

Nunca se falou tanto em desapego como nesta última década. Na internet, na TV e nas revistas somos bombardeados por dicas e exercícios para nos ajudar a não acumular coisas, lembrando-nos da importância em abrir espaço físico e mental para o novo; eu mesma já escrevi aqui no blog, várias reflexões sobre esse assunto.
Eu nunca doei e joguei tanta coisa fora! Tenho passado os últimos três anos em pleno processo de destralhamento e ainda tenho muitas coisas que não uso tomando conta de alguns espaços. Joguei milhares de coisas fora (doei, reciclei, vendi algumas) e acreditava que só o essencial tinha permanecido. Poucas e boas coisas: esse também era meu lema. Quanto à questão pessoal, em relação a atitudes e hábitos, pensava estar relativamente bem resolvida. Aham... Ledo engano mesmo.

Em meus exercícios diários na tentativa de simplificar a minha vida descobri que jogar coisas estragadas ou velhas e que não servem mais, é só a ponta do iceberg, e ainda é pouco. Difícil é abandonar aquelas coisas novas e impecáveis que você não usa mais. Sabe aquele faqueiro maravilhoso com trocentas peças que você não usa há dez anos? Ou aquele móvel clássico e lindo que simplesmente não combina mais com seu novo estilo de vida, mas que você insiste em carregá-lo de casa em casa? Por que guardar essas coisas?

A cada dia que passa nessa fase de desentulhar-me descubro também que esta tarefa é muito mais difícil do que eu pensava e não é a toa que esse tema tem rendido boas e importantes discussões – de Budistas a ambientalistas.

Semana passada comecei ajuntar forças para encarar de forma mais prática os objetos de maior valor. E ai descubro que ainda não estou pronta para me desfazer de todas as coisas, algumas estão lá porque me fazem sorrir cada vez que olho para elas. Tenho consciência de que a casa não ficou cheia de tralha da noite para o dia (algumas coisas foram acumuladas durante uma vida inteira), nem ficará vazia tão rapidamente. O processo de desapego é diário, fazendo um pouquinho ali, um pouquinho aqui

Não sofro também por ainda sentir um aperto no coração quando percebo que tenho de me desfazer de determinados objetos. Só não quero que esse sentimento tome conta de mim com coisas do dia a dia que não possuem mais utilidade nem qualquer significado, principalmente porque tenho percebido que muitas coisas mantinha somente pelo hábito. Na verdade, desapegar-se de coisas materiais significa reconhecer que tudo o que se faz nessa vida é temporário e nada do que se possui aqui poderá ser levado quando você se for.

Não sinto falta de nada que descartei, não preciso mais das coisas para construir minha identidade, o que provavelmente fosse bem verdade quando era mais jovem. Então posso perfeitamente abrir mão delas. Até agora tenho conseguido.

Desejo que você encontre sabedoria ao lidar com os objetos que tiver guardado e já aviso que não é fácil. Trata-se de um exercício diário e muito emblemático. Hoje, começo mais um dia e estou exercitando me desapegar definitivamente da preguiça de sair para caminhar. E você? Quer se desapegar do que?

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