Sunday, July 12, 2009

A Chita na Decoração











Olá amigas!
Vim mostrar essas ideias com chita, o tecidinho nordestino que esta no hit da moda, rss. Quero comprar para custumizar algumas caixas que tenho por aqui...
Obrigadinha a todas que me visitam e deixam um recadinho,
beijokas e uma ótima semana, bye...
Essas imagens eu achei Aqui na galeria pública de Gabriela, lá tem dicas maravilhosas, visite também.

A Empregada Doméstica


Quando abordei pela primeira vez esse tema no Cyber Amélia, há cinco anos, percebi que o assunto rendia muito como rende até hoje. Se estiver com pressa cumadi, passa mais tarde porque ainda tem pano pra manga.
Encontrar essa profissional nos dias atuais, além de luxo para poucos, ainda continua sendo uma tarefa difícil.
Tive várias delas na minha vida e por coincidência ou não, anos mais tarde fui chamada para dar cursos e treinamento para empregadas domésticas, arrumadeiras, copeiras dentre outros, para que pudessem aprender desde apresentação e higiene pessoal, redução de desperdício, armazenamento etc.

Hoje existe na minha vida a Rosangela que já trabalhou na minha casa em épocas em que eu nem sempre podia estar muito presente. Mas ela estava lá, cuidando de um monte de coisas, olhando e participando da educação dos meus filhos adolescentes; suporte inestimável (impagável) na minha vida.
Atualmente ela é nossa gerente da “pousadinha” construímos uma casa para ela no local onde mora com a família. - Ela tem a chave de tudo, cuida dos outros empregados, faz pagamentos, distribui tarefas, sabe onde está tudo, como conserta quem tem que chamar, faz as compras, cuida das contas. Em suma: ela é pessoa da mais absoluta confiança.

Mas não começou assim sabendo de tudo não. Quando eu a conheci, ela foi para a primeira entrevista acompanhada do marido e ficou há uns dez passos atrás dele, tinha saído da roça e mal sabia falar.
Só fiz uma pergunta para ela: Você tem vontade de aprender? (eu estava precisando e disposta) ela respondeu de pronto: - “muito. É o que mais quero nessa vida”.
Aprendeu tudo e mais um pouco. Concluiu o ensino fundamental e médio, mais tarde fez mais cursos no SENAC e nunca mais parou de estudar.

Quando recém casada, um filho pequeno e dura, cheguei a trabalhar em até dois empregos, os tempos eram difíceis e eu e meu companheiro tínhamos que ralar dia e noite. Aquela coisa brava mesmo começando a vida, pulando de emprego em emprego, às vezes arriscando em projetos e négoicos próprios, tentando não ser um assalariado maldito pro resto da vida.
Então, nessa de precisar passar a maior parte do tempo na rua feito mulas a cria ficava nas mãos de Deus. E o que Deus me deu? As domésticas!

E é sobre elas que vou falar e devo dizer caros leitores que as maiores e mais incríveis figuras que já conheci na vida limpavam o meu banheiro.
São bem verdade que umas eram descontroladas, outras engraçadas, outras extremamente puritanas, ou ainda teen-agers (de espírito), mas todas maravilhosas.
Uma boa forma de analisar a humanidade é ter várias domésticas por perto. Mas uma de cada vez, senão você é quem morre doido.

A Lia era uma dessas criaturas que Deus me mandou e trabalhou em casa quando eu era bem novinha, nessa época já tinha tido meu segundo filho.
Mas houve um episódio muito marcante e totalmente inesperado.

Meu filho mais velho era um verdadeiro capetinha e a coitada foi trabalhar numa casa onde dentre várias tarefas tinha que cuidar de um capeta.
A lembrança que marcou foi que um dia chegando do escritório encontrei a Lia trancafiada no banheiro chorando e soluçando e do lado de fora estava meu filhinho batendo na porta pedindo desculpas pra ela, tipo: “Lia, por favor, não conta pro minha mãe! Desculpa! Desculpa!
"Sério, o que uma criança de CINCO anos poderia ter feito pra desesperar e desmontar uma mulher feita?
Na hora que vi a cena pensei comigo; tai a pessoa mais descontrolada que eu já conheci.

O causo é que a coitada estava grávida e não sabia quem era o pai. Para complicar ainda mais, já tinha uma filha pequena (que não podia cuidar) e que estava sob os cuidados da mãe no interior de Minas Gerais.
Apesar de na hora que soube da gravidez achar que meu mundo tinha caído (já tinha minha familía, filhos pequenos e uma moça grávida e desesperada morando na minha casa), consegui dar um final feliz àquela história e tudo acabou bem no final. Ficamos juntas por mais de sete anos.
Tenho saudades dela até hoje.

Depois veio a Marinalva ela era pernambucana, gordinha, baixinha e simpática. Não sabia fazer quase nada direito, mas era esperta. A típica gordinha legal, que vive rindo sempre com aquela camisetinha suja de água sanitária.
Depois de alguns meses na minha casa, confessou que não entendia nada de serviço doméstico e que anteriormente tinha sido era motorista de táxi -Pasmei!!
No final da sua estada conosco ela aprendeu o serviço e até nos surpreendeu.
Despedimo-nos entre abraços e beijos e lágrimas quando fui embora do estado. Ficamos amigas, óbvio.

No Rio conheci a típica trabalhadora carioca da zona norte, tão bem retratada em nossas novelas, chamava-se Salomé.
Era bonitona, andava sempre arrumadinha com calça jeans apertada (Gang) e regatinha justinha. Era cheia de histórias sobre a comunidade em que morava, histórias sobre a escola de samba que desfilava, contava como era o tráfico no morro, e até sobre corpos estirados pelo meio do caminho que era obrigada a passar para chegar ao ponto de ônibus.
Ela adorava a escola de samba e não perdia um ensaio. Uma vez ela me emprestou um cd dela pra eu gravar, na hora achei que ia odiar. Esquecemos do tal cd e acabei dando balão na coitada, tô com o cd até hoje. Ô malvadeza!

Ainda no Rio de Janeiro, conheci a Nilza carioca de Niterói, alta e magra, de poucos sorrisos e muito calada (o que eu aprecio).
Assim que comecei a entrevista-la e já me animando por finalmente ter conseguido alguém que considerava ideal para aquele momento, combinando os detalhes da contratação ela lançou um olhar de desprezo para a minha cadelinha Tuca (que eu amava de paixão) a qual passou o tempo todo no meu colo durante a entrevista e disse: - "Quero avisar que eu não levo cachorrinho pra passear não”, com aquela cara de quem não gosta de bicho.
Aquilo me desconcertou completamente. A Tuquinha era a alegria da nossa casa, era tratada como se fosse um ursinho de pelúcia, quem tem esses bichinhos dengosos sabe do que eu estou falando.
Respirei fundo agi como se não ouvisse o comentário e contratei assim mesmo.
Duas semanas depois ela e a Tuca se tornaram amigas inseparáveis.
Adivinhem para aonde a adorada Tuquinha ficava hospedada quando a família ia viajar? Na casa da Nilza. E como não bastasse ainda colocava o pobre gato da Nilza pra correr. Ficou conosco 4 anos.
Levei um bom tempo para entender a complexidade desse universo sobre a vida de um trabalhador doméstico.
Essas pessoas não têm praticamente nenhuma outra chance de emprego na vida se não for ocupando esta posição.
Precisam trabalhar muito cedo para ajudar suas próprias famílias, e nessa trajetória freqüentam a escola (quando freqüentam) durante um curto espaço de tempo e depois a abandonam, porque precisam trabalhar e criar os seus próprios filhos.

Como ir à escola, se é preciso estar no trabalho durante todo o dia?
No retorno às suas próprias casas têm a outra jornada do cuidar de seus maridos, companheiros ou namorados, da casa, dos filhos, enfim. Resta pouco tempo para pensarem em si próprios e serem felizes.

As oportunidades são poucas; as escolas públicas dilapidadas; os professores mal remunerados, escolas sujas e sem segurança. Isso sem falar na total falta de quem lhes assegure saúde e um pouco de lazer.
O poder público está pouco interessado nisso. Assim, vamos perpetuando um círculo vicioso que incentiva a manutenção desse cotidiano dos empregados domésticos sem outra chance de crescer na vida.

Por mim, posso dizer que se hoje eu posso exercer as minhas atividades profissionais, estudar ou produzir minhas artes, escrever minhas colunas, viajar a trabalho com certa freqüência, é porque eu tenho uma “Rosangela” na minha retaguarda, dando o suporte necessário para que eu possa ocupar o meu espaço público.

Penso que em um país como o nosso com tantos problemas básicos ainda por resolver, nós que ocupamos melhores posições, que temos nossas profissões e carreiras, temos o dever de ajudar e incentivar essas pessoas que trabalham ou poderão vir a trabalhar para nós em nossas casas, permitindo que tenhamos nossa carreira enquanto elas, silenciosamente, domesticamente, respeitosamente, cuidam de nós.

Se quiesrem, em outro post passo para vocês as minhas dicas de como contratar e como orientar seus funcionários domésticos.
Abaixo deixo um link bem legal e atualizado sobre o que diz a lei dos direitos e deveres do trabalhador doméstico.
http://www.domesticalegal.com.br/diarista.asp